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Os descendentes que preservaram no Brasil uma língua que quase não se fala mais no Japão - BBC News Brasil

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Os descendentes que preservaram no Brasil uma língua que quase não se fala mais no Japão

  • Leticia Mori
  • Da BBC Brasil em São Paulo

22 janeiro 2018

Quando a cantora japonesa Megumi Gushi começou a cantar na língua original de Okinawa, a província onde nasceu, no sul do Japão, foi ao Brasil que ela veio para estudar o idioma.

"Ela veio para estudar um pouco a pronúncia, melhorar a dicção. Ela falava que aqui que estava a verdadeira língua okinawana", explica Tério Uehara, presidente da Associação Okinawa de Vila Carrão, em São Paulo, uma das entidades que a recebeu por aqui. Megumi participou de diversos grupos folclóricos e conviveu com imigrantes idosos.

É que no Brasil a língua e a cultura do arquipélago se mantiveram vivas. Muitos dos imigrantes okinawanos conversam até hoje no idioma da região – considerado patrimônio cultural em perigo pela Unesco – e passaram a cultura para seus descendentes.

No Japão de hoje, a maior parte dos habitantes da província fala nihongo, o japonês do resto do país – já que a língua tradicional de Okinawa e seus dialetos foram proibidos durante muitos anos.

Megumi Gushi

Legenda da foto, A cantora Megumi Guchi toca o sanshin, instrumento tradicional de Okinawa | Foto: Associação Okinawana Kenjin do Brasil

Originário de um reino independente (Reino de Ryukyu) e mais aberto ao contato com outros povos do que o Japão medieval, o arquipélago de Okinawa desenvolveu sua própria língua e cultura.

Anexada pelo Japão Imperial no século 19, ficou anos ocupada pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra, sendo reintegrada ao país oriental só em 1972, explica Eiki Shimabukuro, presidente da Associação Okinawa Kenjin do Brasil.

A perseguição praticada pelo Estado e sofrida durante anos pelos habitantes da região fez com que as particularidades da cultura local – incluindo a língua – fossem minguando. Nos últimos anos, no entanto, tem acontecido uma retomada e uma valorização, segundo Tério.

"Houve uma mudança de linha do Japão em relação a Okinawa", explica o historiador da USP Ricardo Sorgon Pires, que fez seu doutorado sobre a comunidade okinawana no Brasil.

"O país começou a promover a região pelo turismo, mostrar uma Okinawa mais pop, com música e animes que se passavam na província. Isso se refletiu no Brasil. Muita gente começou a querer entender melhor suas origens."

Raízes espalhadas

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Saiba mais

Associação Okinawa Kenjin do Brasil-AOKB – São Paulo-SP

 

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