2020 é para ser o ano do Japão no turismo. A coisa promete. Com os Jogos Olímpicos e as Paralimpíadas, o governo japonês espera que 40 milhões de estrangeiros visitem o país este ano e tudo estava se encaminhando neste sentido.
Acontece que nem sempre tudo corre como a gente espera. O ano mal começou e a notícia do momento é essa epidemia que já tem causado prejuízos da ordem dos bilhões na economia mundial. O responsável por tudo isso é um tipo de vírus, esse ser minúsculo que, por ter a forma de uma coroa, ganhou o apelido de “corona”.
No momento em que entrego essa coluna, o número de pessoas infectadas no mundo inteiro beira os 70 mil. A grande parte delas está na China, o epicentro da epidemia. Grande locomotiva da economia mundial, o Império do Centro é hoje responsável por cerca de 15% do PIB mundial, como revela a pesquisadora Monica de Bolle, em sua coluna semanal na Revista Época.
Epicentro da epidemia da doença causada pelo coronavírus, a China é, também, o país que mais envia turistas ao Japão. Diversos vôos que ligam os dois países vem sendo cancelados nas últimas semanas. Desde então, os pontos turísticos das grandes cidades japonesas estão sendo vistos sem seus visitantes mais numerosos.
Outra medida adotada nos últimos dias foi relacionada a dois eventos que gerariam grande aglomeração de pessoas. A aparição do imperador por conta do seu aniversário foi cancelada e na Maratona de Tóquio só irão competir os atletas profissionais, deixando de fora milhares de corredores amadores.
Mesmo tendo adotado diversos cuidados, enquanto finalizo essa coluna, o Japão tinha registrado 408 casos confirmados da doença, incluindo uma morte. A maior parte das pessoas infectadas são passageiros e passageiras de um navio de cruzeiro que aportou no país no início de fevereiro e segue em quarentena até o próximo dia 19.
Cancelar ou encarar
Por tudo isso, não tem sido poucos os brasileiros e as brasileiras que me escrevem com apreensão e sem saber o que fazer com a viagem já marcada para a Terra do Sol Nascente. Isso porque em poucas semanas, o país estará colorido pelo rosa das cerejeiras em flor, um espetáculo que só pode ser visto durante o início da primavera e tão sonhado por turistas de todo o mundo. O que fazer, então, com a tão sonhada viagem? Cancelar ou encarar? A resposta não é simples.
Neste momento, não existe nenhuma recomendação internacional para que se deixe de visitar o Japão. O país não é tratado como área de risco por nenhuma outra nação do mundo. Porém, no último fim de semana, a notícia da detecção do vírus em um médico na província de Wakayama colocou as coisas em outro patamar. Até o momento de produção desse texto, as autoridades não tinham conseguido identificar a forma de contágio neste e em outros três casos ocorridos em províncias distantes entre si como Hokkaido, Aichi e Chiba.
Sendo assim, não se pode cravar como zero o risco de encontrar pessoas contaminadas com o vírus nas ruas dos grandes aglomerados urbanos como Tóquio ou Osaka. Como o vírus pode ser transmitido pelo contato, quem decide vir ao Japão neste momento, precisa estar ciente de que não está a salvo ou imune da infecção.
Pessoas idosas e com o sistema imunitário prejudicado são as mais sucetíveis a sofrer as consequências de viroses como as causadas pelo corona. Portanto, se existe um risco, por menor que seja, quem está nessas condições deve pensar bem se vale a pena fazer a viagem. Se você decidir vir, vale a pena prestar atenção em algumas coisas.
Precauções
Um dos meios mais difundidos de prevenção é o uso de máscaras. O uso do produto já era comum no Japão, mesmo antes da epidemia do coronavírus. Aliás, é visto como um ato de respeito pelas outras pessoas usar máscaras quando se está com gripe. Além disso, muitas pessoas são alérgicas ao pólen e, durante a primavera, uma explosão de gente mascarada pode ser vista nas ruas de muitas cidades do país.
Há controvérsias quanto ao grau de eficácia do método para evitar a contaminação. Isso porque o vírus é pequeno demais para não passar pelos poros do material de que a maioria das máscaras é feito. Mas o item ajuda a evitar o contato com perdigotos e outras secreções expelidas por outras pessoas. Alem disso, a máscara também atua como barreira entre a mão e as mucosas da boca e do nariz, potenciais portas de entrada para o vírus.
Caso você opte por ir ao Japão e queira usar esse método, é aconselhável que traga consigo uma certa quantidade de máscaras já que o produto tem sumido das prateleiras no país.
Higiene é essencial
Porém, a forma mais eficaz de evitar o contágio é a higiene. Manter as mãos sempre limpas, por exemplo. O álcool é uma das substâncias mais eficazes nesse processo de limpeza. Os hotéis e outros espaços públicos no Japão costumam oferecer sprays do líquido para o uso de seus hóspedes e clientes. Mas quem quiser ter o seu à disposição deve levar o produto na mala.
Do mesmo modo que as máscaras, o álcool tem chegado a faltar no comércio e nada garante que o fornecimento fique regular enquanto houver a ameaça da epidemia.
Ainda no quesito higiene, é sempre importante usar lenços de papel para limpar os fluidos das vias respiratórias, principalmente na hora de espirrar. Também é importante descartar os lenços usados de forma segura, no vaso sanitário, de preferência.
No mais, caso você decida ir ao Japão, tenha atenção às notícias. Procure fontes de confiança, com o site da NHK World, a TV pública japonesa. Neste momento em que não há nenhuma orientação de evitar o país, a decisão de vir é sua. Por isso, analise bem a situação e, caso escolha vir, se prepare para usufruir a viagem sem correr muitos riscos.
Errata:
(18.02.2020 10:38) Na versão anterior do texto, nosso colunista afirmou que todos os voos entre a China e o Japão tinham sido cancelados pelo governo japonês. Nem todos os voos foram cancelados e os cancelamentos não foram realizados a mando do governo japonês. Também foi dito que a Maratona de Tóquio fora cancelada quando, na verdade, os corredores profissionais poderão competir. O texto foi corrigido.
Saiba mais
Leia os demais textos nos links abaixo e tenho certeza de que neles falo de outras questões importantes para a sua viagem. Também te convido para me seguir no Instagram (@robertomaxwell). Lá dou dicas super quentes sobre o Japão. Espero você. Até mais!
Coluna Viagem ao Japão
Roberto Maxwell é jornalista e, atualmente, trabalha como consultor de projetos e acompanhante de viagens no Japão. Você pode conhecer melhor o seu trabalho no site www.tabiji.co e no Instagram @robertomaxwell.